quarta-feira, 10 de outubro de 2012

NO SILÊNCIO DOS OLHOS




Em que língua se diz, em que nação,

Em que outra humanidade se aprendeu

A palavra que ordene a confusão

Que neste remoinho se teceu?

Que murmúrio de vento, que dourados

Cantos de ave pousada em altos ramos

Dirão, em som, as coisas que, calados,

No silêncio dos olhos confessamos?

José Saramago – em OS POEMAS POSSÍVEIS
editorial CAMINHO/Lisboa,1985

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